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PERDOAR

 

O perdão nas relações amorosas, familiares e sociais é fundamental e uma atitude de compreensão.

Aproveitando o final do ano como momento de reflexão, renovação e de comemorar a vida, e ainda tudo mais que deva ser comemorado, quero lembrar da importância da nossa capacidade de perdoar em todos os planos do relacionamento interpessoal.

Apesar de o perdão estar ligado tradicionalmente e historicamente à área religiosa, na minha opinião, ele faz parte das relações humanas. Eu o entendo como uma atitude de compreensão ou anistia de uma pessoa em relação à outra, a qual lhe causou uma ferida emocional ou física de menor ou maior intensidade e consequências.

O perdão nas relações amorosas, familiares e sociais é fundamental para a continuação dessas relações. Se uma pessoa que foi lesada pela agressão de outra não a perdoa, essa pessoa se coloca na vida como vítima e a outra será sempre um agressor, alguém que lhe fez mal. E isso tem um peso negativo enorme para as duas pessoas envolvidas.

Aquele que não consegue perdoar ficará preso ao acontecido ou ao passado, que repercutirá no presente, e nas relações afetivas que construir dali em diante. E também a pessoa que cometeu a agressão ficará presa naquela culpa e isso, claro, irá ter, também, um efeito nas relações que for estabelecer. Assim, o ato de perdoar nas relações familiares e amorosas é tão complexo quanto fundamental para a sua continuação ou interrupção.

Devemos nos lembrar de que, se não conseguimos perdoar, liberar personagens da nossa vida no passado ou no presente, nós não conseguiremos atualizar os nossos atos, diante de uma nova perspectiva ou um novo olhar, livres dessas sombras que fecham nosso coração, nos trazendo uma imaturidade emocional. Conseguir perdoar é significado de crescimento e desenvolvimento como pessoa, é transcender, é desmanchar mágoas e ressentimentos que, se existirem, só causarão mais desencontros e afastamentos, o que resulta em mais aprisionamentos nocivos de ambos os lados, em qualquer relação, mas, principalmente, na relação amorosa.

O ser adulto é aquele que perdoa o que passou e assume sua parcela de responsabilidade nas relações que estabelece no presente.

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Muitas pessoas têm dificuldade em perdoar, especialmente quando se trata de cônjuges, deixando que raiva, sentimento de vingança, tristeza e até sintomas depressivos conduzam os seus atos. Será que não pode haver outra maneira de lidar com uma atitude na qual alguém nos machucou, deixando crenças ou padrões familiares para trás, e não deixando que contaminem nossos relacionamentos? Ou melhor ainda, quando temos muita dificuldade em resolver algo importante, para a vida de mais de uma pessoa, por que não procurar ajuda profissional? Neste caso, o melhor seria o profissional especializado em terapia familiar.

Imagine qualquer problemática emocional de uma pessoa, solteira, casada, em união estável ou divorciado, morando ou não com a família, que envolva uma ausência de perdão, ligada a alguma questão do passado, algum ato, atitude ou omissão de um ou de ambos os pais. Como seria isso? Não perdoar um pai ou uma mãe?

Vamos deixar de lado padrões anteriores que nos tornam prisioneiros a uma maneira de pensar e colocar generosidade no coração e no olhar. É preciso levar a sério nossa capacidade de perdoar e as consequências, muitas vezes nocivas e irreversíveis, dessa impossibilidade de perdoar. Repensar, refletir, avaliar, compreender, pois algumas vezes somo vítimas, mas em muitas somos agressores também. E queremos ser perdoados.

Dizendo não ao processo do perdão, fechamos as possibilidades de dar chances para se reconciliar relacionamentos, quando possível, e claro, havendo interesse mútuo, mas nem tentar e não ter esperança em se abrir novas perspectivas para se sair do lugar de vítima ou agressor, e reformular o padrão relacional que, provavelmente, poderá voltar a existir: isso graças à capacidade ou arte de perdoar.

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