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VIDA A DOIS : PODEMOS FALAR, MAS SEM MACHUCAR


Vida a Dois : Podemos falar, Mas sem machucar

15 DE MARÇO, 2019

Coluna. Sabem o que constrói um bom relacionamento amoroso? Não serão as críticas, com certeza

Lendo a crônica da Mirian Goldenberg, na “Folha de S. Paulo”, não só me inspirei, mas também me lembrei do quanto o tema tem sido constante nas falas de homens e mulheres, queixosos de seus parceiros amorosos nas críticas e “brincadeirinhas” que, muitas vezes ferem, mesmo sem essa intenção.

Uma figurinista de 42 anos disse que o namorado tem o hábito de dizer: “todas as mulheres bonitas que namorei só me provocaram sofrimento”. Aí ela pensa que, se é assim, ou ela é feia ou o está fazendo sofrer. E quando ela dizia que aquilo a desagradava, ele retrucava que ela estava sensível demais e só piorava a situação. E o clima entre eles já ia ladeira abaixo.

Um homem de 57 anos contou que sua mulher não trabalha. Ele sempre pagou todas as despesas, além de dar muitos presentes. Em um passeio no shopping, logo após ele ter lhe dado uma bolsa, ela perguntou: “você vai me dar um sapato de presente?” Ele respondeu que não, pois precisava controlar um poucos os gastos. Ela reclamou: “pão duro, muquirana”. Ele nada disse, e ela continuou: “mão de vaca, muquirana”. Ele, então, explodiu e disse achar um absurdo ela não reconhecer tudo o que ele fazia. Ela reagiu disse que ele estava mal-humorado, que era só “brincadeirinha”.

Dentro da nossa cultura estamos acostumados a fazer críticas, acreditamos que crítica é algo construtivo. Defendemos, muitas vezes, que as pessoas devem saber receber críticas para se tornarem pessoas melhores. Em nome disso, saímos criticando e falando para o outro tudo o que achamos que ele precisa ouvir ou “consertar”, como donos da verdade, juízes, sem se importar ou refletir qual o efeito que aquelas palavras ou atitudes têm sobre o outro.

Se o criticado reage, o acusador começa a se desculpar. Diz que não foi a intenção ou que a reação foi excesso de sensibilidade, que não se pode falar nada que não seja o que ele quer ouvir, etc. Aí é que ferimos essa pessoa que amamos, que é nosso parceiro de vida amorosa, mesmo sem a intenção de fazê-lo. Mas vamos confessar: muitas vezes sabemos que a nossa fala está indo lá no ponto fraco do outro.

Convido todos a refletir sobre essa ideia, tão fortalecida pela nossa cultura, de que criticar é bom, ajuda o outro a perceber o que não está bom ou precisa mudar. Mas o que as críticas têm conseguido é machucar e, ainda, uma reação de defesa. E quem quer se defender acaba atacando – e com agressividade. É um jeito, também, de se proteger do agressor, o que não deixa de ser destrutivo.

Sabem o que constrói um bom relacionamento amoroso? Não serão as críticas, com certeza, mas os elogios. Olhar para as características positivas que o seu parceiro tem, valorizar cada atitude e todas as qualidades, entender suas dificuldades, pois todos nós as temos, ter gestos de carinho e atenção, expressar sua gratidão e ser solidário. E ser bem humorado é fundamental para compartilhar experiências e conviver a dois. Esses são alguns dos muitos movimentos que podemos fazer na direção de enriquecer a nossa relação. Mas criticar não, ferir não, nem de brincadeirinha.

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