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Superproteção

Cristina Santos 06/08/23 - 2 min para ler


Dentre os vários papéis que um casal, que já tem filhos, exerce, está o papel de pai e mãe, o que não é um papel simples, e sim, complexo.

Isso porque esse papel irá refletir de forma determinante na vida desses filhos que estão sendo educados.



A partir dos anos 60 e 70, a geração do pós-guerra, tratada com muita rigidez pelos pais e influenciada pela contracultura da época, resolveu criar suas crianças de forma diferente – menos rigor e mais amor, menos cobranças e mais compreensão.


Os exageros na aplicação dessa fórmula ajudaram a produzir uma geração de adultos incapazes de tomar decisões por conta própria, e com dificuldades de se adequar ao mercado de trabalho. Isso foi notado pela ex-reitora da Universidade Stanford, Julie Lythcott-Haims, em seus alunos de 20 e poucos anos, que em breve estariam formados e trabalhando em boas empresas.


No entanto, quando esses alunos compareciam a sua sala, quase sempre acompanhados do pai ou da mãe, e ela lhes perguntava o que queriam de seu futuro, eles olhavam para os pais em busca de uma resposta. Ela acredita que isso vem do hábito de proteger excessivamente os filhos, criando-se uma geração de “adultos-crianças”.


“Os “adultos-crianças” têm pouca confiança em si mesmos e não conseguem refletir com independência sobre as questões cotidianas. Pensam que são incapazes de fazer isso sozinhos. Afinal, durante toda a vida, alguém fez tudo por eles”, afirma Julie. De fato, essas pessoas que não se sentem capazes de tomar as próprias decisões nem de lidar com contratempos e decepções, não estariam aptos a gerir sua vida, pois ao primeiro sinal de problemas ou dificuldades, pegam o telefone, chamando pelos pais, para pedir alguma orientação. Isso não seria um comportamento adulto, por definição.


Adultos também pedem conselhos ou orientação, mas a diferença é a frequência com que os “adultos-crianças” fazem isso. A atitude de um adulto é refletir sobre uma questão, chegar a alguma possibilidade e aí, talvez, entrar em contato com alguém em quem confie e dizer: “Estou na dúvida como resolver essa situação. O que você acha?”. Dessa forma, o pensamento e a estratégia do indivíduo passam a ser parte de algo que ele elaborou. Essencialmente, um adulto coloca questões a si mesmo antes de colocá-las a seus pais.


E isso vale sobretudo para situações profissionais. Numa empresa as coisas não orbitam em torno do empregado e suas necessidades – o empregado não é o centro do mundo. O que se espera dele é que contribua para o crescimento da empresa e dos colegas, seja útil, colabore antes que lhe peçam, antecipe o que precisa ser feito. Portanto, uma vida excessivamente gerenciada pelos pais se reflete de forma muito acentuada no trabalho, com dificuldades, inclusive, de adaptação.


E quais seriam os tipos de “pecado” que os pais cometem quando superprotegem seus filhos? Segundo a ex-reitora de Stanford os principais são: “superdirecionamento”, a “superproteção” e a “superajuda”. Ela diz que os superprotetores são aqueles pais que acreditam que qualquer coisa poderá machucar seus filhos, e por isso, preferem que fiquem sempre dentro do seu campo de visão. Tomam sempre o partido das crianças contra quem quer que seja e costumam dizer que todo esforço do filho é perfeito.


Já o “superdirecionamento” é praticado pelos pais que definem o que seus filhos devem estudar, como devem brincar, que atividades precisam praticar e em que nível, que faculdades valem a pena, que curso é melhor e que carreira precisam seguir. Eles até moldam os sonhos dos próprios filhos.


E os pais da “superajuda”, como se caracterizariam? São os que acompanham as crianças em todas as atividades, no esporte ou na escola e agem como se fossem “secretários” de seus filhos, providenciando tudo, até quando já são quase adultos, para que não percam nenhum de seus compromissos.


Bem, diante dessa pincelada no cenário da possibilidade dos pais caírem na armadilha e confundirem amor demais com cuidado excessivo, é preciso que esses pais lembrem que em primeiro lugar está o seu papel enquanto casal, pois se isso está definido, dificilmente cairão no equívoco de superprotegerem seus filhos, não sobrará tempo, uma vez que haverá o cuidar do relacionamento, que todo casal que valoriza a vida a dois sabe, ela toma espaço e muita dedicação, sempre. E assim, estarem em sintonia, para que possam, juntos, escolher e desenvolver saudavelmente a educação de seus filhos, e não superproteger!

Se o cuidado na relação de casal é uma prioridade, eles conseguirão dialogar, avaliar, fazer opções e poderão escolher o melhor caminho nessa condução da vida de seus filhos.


É importante que os pais aceitem o fato de que seu objetivo, nesse trabalho como pais, é sair desse cargo algum dia, deixando como um dos legados a capacidade daquele filho ser capaz de se cuidar, tendo autonomia, sendo confiantes, corajosos e competentes!!


Confira outras textos (AQUI) Cristina Santos (31) 3286-8566 | (31) 99127-9382 www.cristinasantospsicologa.com



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