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VAMOS TER CORAGEM DE NÃO "FICAR"?

O que é "ficar", esse fenômeno contemporâneo, mais ou menos recente, que começou a fazer parte das relações amorosas?

Com o surgimento das manifestações sexuais adultas, o desejo desencadeado pelos estímulos visuais surpreende o jovem adulto, antes muito displicente, ainda, em relação às mulheres. Essas se reconhecem como atraentes aos olhares masculinos, e também já elegem aqueles que lhes parecem mais interessantes.

Surgem as primeiras trocas de carícias adultas, com parceiros escolhidos as vezes de forma mais criteriosa, outras vezes nem tanto, mas leva-se em conta aparência física e as características na forma de ser de um e de outro. Essas intimidades um tanto recatadas são chamadas de "ficar".

Porém, essa forma de estar amorosamente, como um preparo para o namoro, foi-se alongando, e o namoro mesmo parece não chegar. Nem se ousa falar nessa palavra, pois, caso aconteça, vira motivo de afastamento e sumiços.

No passado, as moças eram impedidas de qualquer contato físico antes do namoro e os rapazes procuravam prostitutas.

Hoje, as primeiras intimidades eróticas se dão com rapazes e moças, moças e moças, rapazes e rapazes da mesma faixa etária e mesma condição sociocultural, o que representa o grande avanço atual nessas relações. Ficar significa trocar carícias eróticas, com certos limites, em locais públicos também, onde todos possam ver e serem vistos.

Ficam com parceiros de escola e de baladas, pouco sabem um do outro, parece ser mesmo a possiblidade de aprender a lidar com a sexualidade e a sedução.

Aos poucos o receio da intimidade física vai se esvaindo. Eles "ficam", mas no dia seguinte é como se nada de especial tivesse acontecido. Não costuma ter nenhum tipo de evolução, nem quanto à intimidade física, e muito menos, em atitudes de gentileza ou qualquer ligação afetiva. O ficar não evolui para nada: fica parado onde está! A continuidade pode significar o risco do envolvimento amoroso.

Porém pergunto: será que precisa ser assim? Faz parte da dificuldade atual de se comprometer com relações amorosas, onde se aproximar ou se afastar requer alguma dedicação ao outro? Banalizou-se as relações afetivas como com o toque em uma tela exclui-se ou ganha-se amigos?

Infelizmente eu vejo uma frieza nessas relações iniciada ou aprendida na adolescência, e que cada vez mais vai se acomodando na idade adulta, enquadrando as pessoas nesse modelo atual de se relacionar, onde comprometer e namorar são palavras proibidas.

Assim, quero convidar as pessoas que não acreditam nisso a serem mais corajosas: falarem o que querem e o que desejam, se permitindo a não acompanhar o padrão imposto, pois na sala da terapia, quando abrem o coração, as pessoas não estão satisfeitas por não poderem falar de namoro, estar em par ou amar.

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