SEXUALIDADE DE OLHOS ABERTOS

Vida a Dois. Assistindo a uma entrevista da psiquiatra, sexóloga e pesquisadora Carmita Abdo, fiquei impressionada com tanta informação útil para nossa vida amorosa.
Por essa razão, resolvi passar para os meus leitores aqui um pouco do que ouvi.
Ela começa dizendo que o sexo é como um motor das relações humanas, e a mudança social que houve foi “o compromisso” não ser mais necessário: a atração acontece e o sexo também, sem ligação afetiva. As pessoas ganharam a permissão de ter uma vida sexual ativa sem estarem envolvidas amorosamente.
Em geral, as culturas estipulam regras ou criam fantasias sobre o comportamento sexual feminino, sua liberdade e a sua sensualidade. Porém, a mulher sofreu muita repressão: se deixassem a mulher seguir sua natureza, ela seria muito mais devassa. Mas veio a cultura e estabeleceu o controle, enquadrando o desejo feminino. Infelizmente.
Outro ponto enriquecedor para as relações amorosas e que não podemos deixar de prestar atenção é referente às características feminina e masculina sobre o apaixonamento: a mulher se apaixona pelos ouvidos, se encanta pelas palavras e pelos atos e o homem, pelo olhar. O homem, ao ver algo que o interessa, logo inicia o ciclo de resposta sexual. A mulher precisa ser mais seduzida, precisa ouvir, precisa de sussurros, quer ouvir algo mais picante, elogios, sentir-se desejada e conectada para se abrir para o sexo. Ela também precisa explicar ao homem o que ela quer e do que ela gosta. Esse é um ponto delicado dessas diferenças que cada um dos lados carrega, e se deve procurar ter conhecimento para que a vida sexual flua com frequência e seja estimulante, satisfatória. É um ritual de sedução e atração entre o casal.
O casal deve ficar atento para que, mesmo que haja a intenção de se ter filhos, formar uma família, o sexo não pode perder o prazer, ser recreativo, com toda a sua intensidade e intimidade, e nem ser deixado de lado em favor da vida com os filhos. Podemos fazer tudo, há lugar para todos, desde que a prioridade seja o casal.
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Os vínculos afetivos e amorosos são de uma importância tal para nós seres humanos que, dentre as pesquisas feitas pela médica, observou-se que as pessoas que fazem vínculos afetivos têm mais saúde, estão mais saudáveis, do que aqueles que não têm. Então, nada de ficar sozinho ou defender isolamento! A pesquisa revelou que as mulheres que não fazem vínculos acabam tendo uma vida sexual tão prejudicada quanto as pessoas que fumam ou fumaram muito. Todos têm complicações: homens não conseguem ereção e mulheres apresentam falta de lubrificação.
Segundo Carmita, o sexo ajuda na neurogênese, que é o processo de formação de novos neurônios no cérebro, de acordo com os últimos estudos. Porém, existem doenças que interferem no desempenho sexual e, assim, é preciso cuidar e tratar.
Mulheres num relacionamento novo têm uma prontidão sexual maior. Num relacionamento de mais tempo, precisam ser mais encantadas, seduzidas, estimuladas. A pílula feminina foi um divisor para a mudança no comportamento sexual: sexo por prazer. As mulheres em proximidade com a menopausa devem saber que a reposição hormonal faz bem para a cognição, os ossos e músculos, e para a libido, favorecendo a vida sexual e o bem-estar.
A mulher mais madura, mais experiente e com menos tabus, menos preconceitos com relação a si própria, acaba se preocupando menos com o ângulo que vai ficar na cama, se vai engravidar. Várias preocupações da jovem não existem mais nessa mulher, que é favorecida, caso desejar se envolver e criar vínculos.
Como o sexo melhora a saúde física e emocional, ele ajuda, assim, a curar doenças. Se pensarmos que quando as pessoas fazem sexo (descarga de tensões) elas se aproximam fisicamente e isso as acalma, elas deixam de se sentir rejeitadas, sentindo-se desejadas, possibilitando o aumento da autoestima e trazendo o aconchego. Isso faz mudar a química, para melhor, no organismo das pessoas.
Há vários estudos que confirmam que as pessoas que mantêm uma vida sexual ativa ao longo da vida preservam a sua saúde mental e as condições do seu cérebro. O cérebro que se deteriora com a depressão e o estresse é preservado pela atividade sexual, lembrando que ela colabora na neurogênese. Logo, uma vida sexual infeliz não será boa nem para o cérebro e nem para a saúde.
E aí, como obter vida sexual satisfatória? Corpo saudável e bons hábitos de vida são fundamentais. Não devemos ficar atrás de modelos, viver vidas alheias, e sim seguir o jeito de nossas próprias características. “Que sexo eu gosto de ter ou que eu quero ter?”
Doenças interferem no desempenho sexual e não na forma de se liberar para o sexo. Mulheres preferem um homem com uma boa pegada do que um homem com uma performance ou desempenho fantástico, apesar de, na pesquisa, elas dizerem gostar de uma boa ereção, até pelo significado que ela possa representar.
A pesquisadora canadense Rosemarrie Basson revela que a mulher, em um relacionamento recente, espontaneamente e logo se disponibiliza para o sexo. A mulher num relacionamento mais duradouro precisa da sedução, ser estimulada nos gestos que antecedem o sexo: atitudes e palavras à tarde para o sexo à noite.
E lembrem-se: um relacionamento é um trabalho para uma vida toda. E eu acredito que vale a pena! E depois dessas informações, podemos melhorar mais ainda.