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OS RUMOS DO RELACIONAMENTO A DOIS

 
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Romance. Cada um é capaz de guiar e escolher os caminhos para o relacionamento, sabendo que as coisas não acontecem por acaso

Shirley P. Glass, psicóloga americana, passou boa parte da carreira estudando a infidelidade conjugal. E ela se baseou na seguinte pergunta: como isso aconteceu? Como pessoas que têm o projeto de viver em par se veem varridas, de repente, por correntes de desejo, e destroem sem querer vidas e famílias.

Ficam ao mesmo tempo surpresos com tudo isso, mas na verdade estão indo contra seu bom senso ou ética. Quantas vezes ouvimos dizer “eu não procurava amor fora do casamento, só que aconteceu…” Descrita assim, a traição parece um acidente de carro, um buraco escondido em uma curva fechada, aguardando o motorista inocente.

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Mas, na pesquisa, Shirley Glass descobriu que, se investigarmos um pouco mais a infidelidade, quase sempre descobrimos que o caso começou muito antes do primeiro beijo roubado. Ela escreveu que na maioria dos casos o marido ou a mulher faz um novo amigo e nasce uma intimidade, aparentemente, inofensiva. Ninguém sente o perigo se aproximar, pois o que há de errado em uma amizade? Por que não podemos ter amigos do sexo oposto – ou do mesmo sexo, aliás – quando estamos comprometidos em um relacionamento?

A resposta, como explica a psicóloga, é que não há nada errado quando alguém casado começa uma amizade fora do casamento, desde que as paredes e janelas do relacionamento continuem no lugar certo. A teoria dela é que todo casamento saudável se compõe de paredes e janelas. As janelas são os aspectos do relacionamento abertos ao mundo, isto é, as brechas necessárias pelas quais interagimos com a família e os amigos, trabalho e desenvolvimento profissional. As paredes são as barreiras de confiança, atrás das quais ficam guardados os segredos mais íntimos do casamento.

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Entretanto, nas amizades supostamente inofensivas, o que acontece é que começamos a dividir com o novo amigo intimidades que deveriam estar reservadas ao casamento. Revelamos segredos sobre nós, nossos anseios e frustrações mais profundas, até sobre o relacionamento. E se expor assim dá uma sensação boa. Abrimos uma janela onde na verdade deveria haver uma parede sólida e resistente, e logo nos vemos derramando os segredos do coração para uma nova pessoa.

Não querendo que o cônjuge tenha ciúme, mantemos ocultos os detalhes da nova amizade. Com isso, criamos um problema: acabamos de construir uma parede entre nós e o cônjuge, onde na verdade deveria haver a circulação livre de luz. Portanto, toda a arquitetura da intimidade conjugal foi rearrumada. Todas as antigas paredes agora são imensas janelas panorâmicas, faltando a proteção. Sem a consciência de todo o desenho, acabamos de criar a planta baixa perfeita para a infidelidade.

O que fazer? Assim que percebemos que estamos dividindo com um novo amigo segredos que na verdade deveriam pertencer ao cônjuge, há um caminho muito mais honesto e inteligente a seguir.

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A sugestão é que, ao voltar para casa, a pessoa comece a observar o que a impede de conversar dessa maneira comprometida e intensa. Os assuntos não estão interessando? Não está sendo tocado pelo que está acontecendo com um ou com outro? Falta priorizar a relação? Ou de forma pretensiosa acreditamos conhecer tão bem quem está ao nosso lado que nem precisamos prestar atenção em suas falas? Ou, ainda pior, já sabemos o que ele pensa ou irá responder?

Portanto, vamos nos responsabilizar pela parte que nos cabe: nós podemos guiar e escolher o que queremos para o nosso relacionamento a dois e estar cientes de que as coisas não acontecem por acaso, mas sim pelo que fazemos e contribuímos para elas acontecerem.

Foto: Divulgação

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